O Poder Transformador das Pequenas Vitórias
O Cálculo da felicidade.
Nassim Taleb, em um best-seller, menciona um livro que eu já havia lido anos atrás: "O Deserto dos Tártaros", de Dino Buzzati.
O protagonista, Giovanni Drogo, é um militar que espera por uma grande guerra, que daria sentido à sua vida.
Ele passou a vida preparando-se para aquela guerra, esperando pacientemente por ela. Mas a grande invasão, que, segundo rumores, aconteceria em breve, nunca acontecia. Passam-se anos e décadas, ele envelhece esperando, e não faz nada da vida, senão esperar. Nada. Quando a guerra finalmente rompeu, ele, já velho doente, incapaz de lutar, é afastado da fortaleza onde passou a vida à espreita da fortuna, e, infortunadamente, veio a morrer.
Resumo: Drogo deixou a vida passar, não fez nada relevante, não aproveitou a juventude, a família, os amigos e o amor. Adiou tudo, confiando cegamente em um grande momento que nunca chegava, e quando finalmente chegou, já era tarde demais.
Perdoem-me pela simplicidade da descrição. Já faz um tempo que li o livro, e isso é o que ficou da história. Mas você entendeu o ponto.
É inútil jogar a vida fora, esperando por um único e grande momento de glória. Taleb nos lembra que ganhar 1 milhão em um ano, sem conquistar nada nos anos anteriores, é pior do que ganhar 100 mil todos os anos, por 10 anos. Reflita.
A felicidade esgota-se facilmente quando vem em doses cavalares. A vida é muito melhor quando acompanhada de uma quantidade bem distribuída de pequenas vitórias.
Pequenas vitórias! Elas são fundamentais para a felicidade. Como diz Taleb, é melhor espalhar pequenos afetos de forma homogênea ao longo do tempo do que esperar por um único rompante de amor. Não, ele não falou de "rompante de amor"; isso é coisa minha. Mas aqui está a lição: precisamos de um fluxo constante de recompensas agradáveis.
Acho a ideia perfeita. A felicidade é melhor quando espalhada pela vida, e o segredo das grandes vitórias está nas pequenas vitórias. Somos feitos para evoluções graduais. O sucesso e a felicidade são mais parecidos e simples do que se imagina.
Então, simplifique as coisas, aprecie os pequenos momentos, as pequenas doses diárias de felicidade, os curtos degraus da escalada. A felicidade está no caminho, e não no destino.